Na Estante: Gigantomachia

Um futuro de homens e... gigantes 

Confesso que quando a Panini anunciou o lançamento de Gigantomachia, mangá em volume único de Kentaro Miura, eu não dei a mínima. Não conhecia a história e não sou fã de Berserk (nunca me interessei a ler, mesmo todas as almas que conheço dizendo que é muito bom), então esse teria sido um daqueles lançamentos em que você agradece por economizar o seu dinheiro com sucesso. Porém, quando vi a edição na banca sofri do mesmo mal de 8 a cada 10 colecionadores, fui seduzido por aquela capa bonita e pelo fato de ser volume único e acabei comprando. E olha, não me arrependi.

Gigatomachia é um mangá em 07 capítulos lançados em 2013 durante uma pausa que o autor fez na publicação de Berserk. O mangá traz a tona um mundo pós apocalíptico daqui a 100 milhões de anos no futuro, num mundo repleto de criaturas monstruosas e estranhas, onde a humanidade que conhecemos já não existe mais e agora é dividida em duas raças humanóides: os Hus, humanos comuns e os Mus, humanos mutantes semi-insetóides. As duas raças nutrem um rancor mútuo que perdura por muitos anos, em virtude da intolerância dos Hus e sua sede de poder e dominação, que levou a dizimação de milhares de Mus. 

É nesse mundo que conhecemos Delos, um ex-gladiador de coração puro de quase nada na cabeça, que acompanha Prome, uma entidade espiritual em sua missão de encontrar os pedaços do corpo de Gaia. Durante essa missão, os dois vão em busca da tribo dos Scaraves, um dos clãs dos Mus que sobreviveu às investidas dos Hus escondendo-se no meio do deserto - algo que só foi possível graças a Habi, o Deus da fertilidade deles. 

Capturados no deserto e recebidos com bastante hostilidade pelos Mus, Delos e Prome encontram problemas mas conseguem conquistar a confiança dos Scaraves e essa união torna-se fundamental para a ameaça dos Hus que pouco a pouco se aproxima através do deserto.

Apesar de ser um one shot, Gigantomachia consegue fluir de forma bem natural ao longo das páginas. Logo de cara você já consegue sentir uma empatia pelos personagens e apesar de vários conceitos presentes naquele mundo futurista, o leitor não fica 100% perdido pois as explicações vão sendo tecidas pouco a pouco ao longo da história e isso ajuda instigar a curiosidade para descobrir os segredos daquele lugar. E o fato de Delos não ter muito cérebro ajuda a quebrar o didatismo das explicações, deixando tudo com um tom bem mais natural. O mangá também traz paralelos a algumas situações presentes nesse nosso mundinho conturbado, como por exemplo a relação entre os Hus e os Mus, que lembra muito a relação entre alguns povos. Outro ponto que merece atenção é o tom da história, que é surpreendentemente leve se comparada a Berserk por exemplo (falo isso pelo pouco que conheço da série, é claro).

Sobre a edição da Panini não tem muito o que falar a respeito. A editora caprichou nesse mangá, com páginas em papel offset, impressão interna das capas, além da laminação fosca na capa, que dá um ar muito mais classudo ao mangá, fazendo valer o preço de capa de R$ 15,90. 

O veredito

Se você é fã de sanguinolência esse mangá não é pra você. Mas se você é o apreciador de uma boa história Gigantomachia é uma boa pedida e deve sim estar na sua coleção. Obviamente muita coisa fica em aberto na trama, como se fosse ganchos para uma futura serialização após a finalização de Berserk. Isso certamente gera estranheza a muitas pessoas, principalmente aos que estão acostumados a ter tudo explicadinho nos mínimos detalhes até o fim da história, mas não é nada que atrapalhe no desenrolar da trama, mesmo deixando aquele gostinho de quero mais na boca. 

Nota: [✦ ✦ ✦ ✦ ✦]

            5 de 5